segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Polícia do Carma

Marco Antonio foi a vida inteira um membro daquele governo. Não perdoava um adolescente subversivo ou professorzinho de história revoltado. Era do Ministério da Inteligência e cuidava das investigações, às vezes participando ativamente dos "inquéritos" ("Você quer que eu arranque mais uma unha sua, ou você vai falar?").
Quando a moda revolucionária veio à tona, então... Aí ele começou a sair pessoalmente nas ruas para decretar o que estava e o que não estava em conformidade com as normas daquele governo. E aprovava a elite reacionária que se divertia e regozijava em destruir as festas da oposição com incrível violência física. Quantas jovens foram estupradas por aqueles vândalos "autorizados"? Marco Antonio nem sabia e nem queria saber. Quem mandou ser subversiva...
E dizia em altos brados, quando noticiado pela imprensa: "Isso é o que vocês ganham por mexer com a gente! Isso é o que vocês ganham!".
Até o dia em que foi encontrado com um dos livros ditos "proibidos". "Eu estava só estudando nosso oponente!", ele dizia, mas seu antigo colega, Zé Carlos nem prestava atenção. "Eu dei tudo o que tinha por aquele governo. Tudo que eu tinha! Eu ainda estou na folha de pagamento! Só por um momento lendo eu me perdi, só por um momento!".
Zé Carlos assumiu o cargo de Fiscal da Inteligência. Parecia que o antigo funcionário, um tal de Marco Antonio, fugira para aquele outro país, de ideologia inimiga. E Zé Carlos dizia em altos brados, quando noticiado pela imprensa: "Isso é o que vocês ganham por mexer com a gente! Isso é o que vocês ganham!".

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