sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Flores

E chamam flores do que me sai da cabeça.
Por que haveriam de chamá-las?
Não sei dizer. Não sei flores.
Ideias, sentimentos, flores.

- Um homem gosta de flores? Digo, assim como uma mulher...
- Talvez, meu amigo, talvez...

Flores. Nascem, vivem e morrem. Como quaisquer outros seres vivos.
Só as flores de plástico não morrem.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Meus esquadros

Cores.

Cores de Almodóvar, de Frida Kahlo; cores.

Azul-baratéia, verde-camuflado, ouro e prata.

E a coragem, que cor tem? E a ousadia? E a hipocrisia, que cor tem?

Que cor tem o amor a paixão a amizade o ódio o desprezo? Que cor tem, hein?!

E a verdade? A honestidade? A justiça? Que cor tem?

E a opressão, o desrespeito, o preconceito e a ignorância, que cor têm?

E a saudade, que cor vai ter a saudade?

E a sinestesia, que cor tem?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Niilismo Revoltado

- Puta que pariu!
- O que?
- Esse mundo, essas coisas, essa vida, essas pessoas, esse tudo... Puta que pariu!

ponto ou Epifania da Injustiça

O mundo é injusto. ponto.
Não sei bem o que dizer sobre isso, ou a que esfera administrativa reporto essa minha colocação.
Mas ele é injusto. ponto.
Me parece até
- veja que afronta -
que é injusto por definição.
Que injustiça. ponto.

domingo, 11 de setembro de 2011

Ódio-próprio

E me deu uma sensação de Bernard Marx agora. Um não-pertenço que dói na alma. Mas e àquele grupo? Não pertenço. E àquele outro? Também não pertenço.
E ao mesmo tempo aquele meu narcisismo nojento de quem acha que pode mais que os outros.
[...]"Depressa! - gritou mais alto, e sua voz tinha um timbre desagradavelmente áspero." Desagradavelmente áspero, como minhas brigas.
E me vem à cabeça um neologismo. Pois não temos amor-próprio? Faço então o ódio-próprio, sentimento capaz de descrever o que sinto. O que sinto por não ser o amável Helmholtz Watson. E a impotência em vencer minha natureza que tanta ojeriza dispara contra a imagem. Bem podiam estar certas as religiões, com sua separação de corpo e alma.
Mas eu já disse isso antes. Não há novidade no ódio-próprio, a não ser o nome. Eu só queria poder não tê-lo. E ser um Beta-menos feliz, talvez um pouco incomodado pela inteligência, mas incluído fisicamente em minha casta.
Não suporto a exclusão física. Ódio-próprio, porque ela é tão parte de mim quanto qualquer outra característica. E não posso escapar dela.
A não ser que... Não. O resto é, in verbis, "ilusão".

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O terceiro fim escrito durante entre ele e o segundo

Me incomodava desde o início a ideia do fim. É, do fim. O que aconteceria no fim? A gente nunca mais se veria, nunca mais se abraçaria, nunca mais se beijaria? Talvez não, eu pensava, tem tanta gente que namora de longe. Mais um casal assim. Qual é o problema?
Mas o nunca mais (em especial o "se beijaria") veio mais cedo. Muito mais cedo. Tão cedo que eu não ganhei o meu tão-sonhado último beijo. O último beijo foi o último sem saber de sua sina, sem saber que daria um adeus tão doloroso, algo que perpassaria meses latejando nas minhas têmporas. E doeu muito essa falta de cerimônia. Inevitável retomar os olhos azuis, já fechados, no caixão. Meus dois amores, que se foram assim, ó: pfu!, como uma brisa carrega as folhas secas.
E, vou ser franco, ainda doem. Ambos os adeuses. Doem tanto que, cinco meses e dez anos (respectivamente) depois, eu ainda choro. Estou chorando agora, para constar nos autos. É lógico. Duas coisas que eu tive que engolir, duas incertezas que balançaram os alicerces mais profundos da minha frágil estrutura interna.
Nada volta. Aprendi hoje. A vida não é um jogo de xadrez, "ah, o cavalo andou errado, volta!". E, principalmente, além das pessoas, das situações, dos lugares e do dinheiro; principalmente o tempo não volta. E não fica. E não pára. E eu, olhando agora para frente, me deparo com a ideia do fim. De novo.
A amizade não vai acabar? Vai haver visitas? Mesmo de tão longe, Minas ou Pernambuco? Ou será que eu vou ficar encostado lá no fundo, lá naquela sua estante velha? E você vai falar pros outros: "É, um cara no Ensino Médio, acho que era Rafael, Daniel, nem me lembro... Faz tanto tempo..."?
Definitivamente eu não sei lidar com o fim. Estou chorando mais agora. Soluçando até. Vou parar por aqui. Estou tremendo demais. Vocês entenderam.