quarta-feira, 21 de abril de 2010

A borboleta de asas amarelas

A felicidade é como uma borboleta de asas amarelas, que só vive vinte e quatro horas.
Você até pode pegar a borboleta, embebê-la em formol, colocá-la num quadro e pendurá-la na parede. Mas não vai haver felicidade nisso.
A felicidade é rápida e fulminante, durando a eternidade do vôo da borboleta de asas amarelas enquanto faz contraste com o céu azul.

domingo, 18 de abril de 2010

Ainda dói

Depois de tudo que fiz, continuo o mesmo.
Meu cabelo continua com o mesmo tom de cinza.
Meu cérebro continua funcionando a toda velocidade.
Meus olhos azuis continuam frios.
E minha perna ainda dói.

Sofri quando ela me deixou,
sofri quando ela morreu.
Sofri quando eles foram embora,
mesmo que tenham continuado por perto
Sofri quando ninguém me quis mais.
E minha perna ainda dói.

Meus amores pertencem a um passado preso ao futuro,
sempre que vão começar eu já sei que acabaram.
Meus amigos pertencem a mim, e mais ninguém,
mas isso até eles me abandonarem.
Minhas mãos tremem de agonia e minha testa se molha de suor,
à noite, sozinho, na cama, no quarto escuro.
E minha perna ainda dói.

Mesmo com uma imagem inteligente,
o conteúdo se degrada a cada negação de mim mesmo.
Mesmo com cada pessoa salva, cada alma pura, cada mentira,
cada choro de agradecimento, cada abraço de amor-pago.
Mesmo com tudo isso,
minha perna ainda dói.

Minha perna ainda dói,
porque as pessoas não mudam.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Mesmo que o mundo acabe, enfim.

Eu sei, eu sei. Nós não somos tão amigos assim. Mas já é alguma coisa! A gente já deu tantas risadas juntos. Não entendo... Mas tá bom. Se você não quer, o que eu posso fazer. Eu só queria te pedir algumas coisas.
Um pouco de carinho quando eu estiver triste não me faria mal. Não o carinho que eu quero, porque esse você dispensou, mas o carinho que você quiser me dar. Podem ser dez minutos de toques, sorrisos e piadas. Um carinho bem simples.
Quando eu estiver perdendo a cabeca, por outro lado, saia no mesmo instante. Não quero você por perto vendo meus ataques de raiva, ódio, desamor. Perto de você meus sentimentos têm que ser um só.
Apesar disso, quando minha alegria já estiver alcançada, se aproxime de novo. Nenhuma alegria é completa sem você. São os sorrisos e as piadas de novo.
Vai haver dias em que nada mais vai me incomodar. Pode tá caindo o mundo, o brilho dos seus olhos vai sempre ser mais importante. Se eu estiver assim e você perceber, finge que eu to normal, tá?
Agora só tem uma regra que é mais importante que todas as outras juntas. A de quando eu for embora. Quando eu for embora, você, por favor, só faça um procedimento. Não me esqueça. Apague meus e-mails, rasgue minhas cartas, jogue fora meus presentes. Mas não me esqueça. Por favor, não me esqueça.
_ ,, _ ,, _

Mas quando eu estiver morto,
suplico que não me mate, não, dentro de ti.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Que frio!

Mas que calor!

Calor só existe pra quem quer.

Se não quiser, o calor não existe.

Não sente calor com blusa, calça, casaco

Não sente calor com fogo, coberta e chazinho

Não sente calor com beijo nem abraço nem carinho.

Já o frio, existe sempre que a gente não quer.

Existe por definição.

Existe pra definir a pessoa que não pode sentir calor.

Não pode.

A que pode, não sente frio.

Uma fagulha sempre vibra sozinha no fundo do peito.

De quem pode.

Quem não pode, não liga pra blusa, calça, casaco

Quem não pode, não liga pra fogo, coberta e chazinho

Quem não pode, não liga nem pra beijo nem abraço nem carinho

Não liga pra mim

Não liga pra gente

Não liga

Não sente.

Brrrrr... Que frio!

domingo, 11 de abril de 2010

Vinte pras duas

Trim, trim

- Alo?

- Preciso de você.

- há?! Quem fala?

- Preciso beijar sua boca, sentir seu corpo junto ao meu.

- Ei cara, eu vou chamar a policia!

- Pera ai, Paula. É o Marcos.

- Marcos? Porque você ta me ligando a... uma e quarenta da manhã? E que papo é esse de precisar de mim.

- Eu preciso de você, Paula. Eu to completamente apaixonado por você.

- Há?! Como assim?

- É isso que você ouviu mesmo. Eu te amo, Paula.

- Mas, perai! De repente assim? Porque você não me falou nada?

- De repente, não. Já faz seis meses que eu gosto de você. O meu sentimento só vem aumentando. Só não te falei nada porque sou muito envergonhado na sua frente.

- E porque você resolveu me contar a essa hora assim?

- Porque eu não conseguia dormir. Eu só consigo pensar em você, ate dormir ta ficando difícil.

- Mas e agora? Que que acontece agora?

- Eu que te pergunto. Você gostaria de ficar comigo?

- Como assim, Marcos? Você me liga no meio da noite e me vem com “eu te amo” e “fica comigo”!! Me deixa pensar um pouco.

- ...

- Marcos?

- Já pensou?

- Ah! Não é assim! Eu preciso de tempo.

- Por que tempo? Tem algo que possa atrapalhar?

- Tem, ué! Você deve saber, eu gosto do Cadu...

- Mas ele gosta de você?

- Não, mas eu to tentando conseguir ele.

- E eu to tentando te conseguir.

- Eu sei, Marcos. Mas não é de você que eu gosto.

- Mas você poderia tentar.

- Mas tem o Cadu

-Você gosta mesmo do Cadu?

- Acho que sim... ele é bonito, popular... e imagina o que minhas amigas vão falar?! Num dia eu quero ele, no outro inesperadamente eu to com você.

- Elas iam falar que somos um casal feliz.

- Eu preciso de tempo pra pensar. Amanhã eu te ligo.

- Que horas?

- Uma e quarenta da manhã. Vai ser a minha vez de te declarar amor incondicional de forma inesperada.