domingo, 26 de junho de 2011

Armadura

"In a bullet proof vest,
With the windows all closed,
I'll be doing my best,
I'll see you soon,
In a telescope lens,
And when all you want is friends,
I'll see you soon,
I'll see you soon."

Um Rei e o Zé

"Um rei me disse que quem deixa ir tem pra sempre.
E me contou que só foi rei porque pensava assim
Tão diferente.

E eu, que andava assim tão zé,
Deixei que tudo fosse e decidi olhar pra frente,
Mas não vi nada.

E o rei me disse:
"A pressa esconde o que já é evidente.
Foi do meu lado que eu achei o que me fez assim
Tão diferente."

E eu, que corria assim tão zé,
Deixei que tudo fosse e decidi mudar de frente,
Mas não vi nada.

Um rei me disse que quem deixa ir tem pra sempre.
E me contou que só foi rei porque pensava assim
Tão diferente.

E eu, que andava assim tão zé,
Deixei que tudo fosse e decidi olhar pra frente,
Mas não vi nada.

Não leve a mal,
Eu só queria poder ter outra filosofia,
Mas não nasci pra conversar com rei."

- Apanhador Só

On the corner of main street...

"I don't mind if you don't mind,
because I don't shine if you don't shine."

Sua Casa

E agora, que a cama
está grande demais pra mim?
Que meus braços pendem frouxos
ao lado do meu corpo cansado?
Que o espelho me mostra
que estou sozinho em casa?
Que os seus sorrisos, emanados na direção do computador,
são só memória?
Que eu estendo a mão por sobre a mesa da cozinha
e nenhuma mão pega ela?
Essa casa(,
assim como meu coração,)
tornou-se insuportavelmente sua.

domingo, 19 de junho de 2011

Garoto-de-Aço

Era uma vez um garoto. Nasceu no final do outono, quase inverno. Uma tarde chuvosa, chorosa. Foi para casa enrolado em cobertas. Sua infância não houve. Por causa de sua saúde, sentou em sua cama e leu. Somente leu. E como um sapato novo, não amaciou seu couro nas bolinhas de gude ou nas peladas da rua. Tornou-se, assim, aço.
Era o próprio homem-de-aço. Toda e qualquer crítica ricocheteava em sua brilhante armadura, da qual se orgulhava muito. E com o tempo foi reforçando sua armadura, tornando-se um robô. Até que um dia
conheceu uma pessoa muito interessante. O garoto-robô-de-aço quis pegar a pessoa e exibi-la como um troféu para os outros. "Eu consigo. Eu amo. Sou humano.". Só não reparava numa coisa: sua pessoa-troféu não tinha armadura-de-aço e estava recebendo todos os machucados dos odiadores do robô-de-aço.
A pessoa-troféu encheu-se. Desceu dos braços do robô-estátua-de-aço e foi-se embora, deixando-o sozinho. Parado. Não havia Dorothy que pudesse achar um coração atrás daquela armadura-de-aço. E a armadura finalmente pesou sobre os ombros do garoto dentro dela, que chorou, chorou e chorou. O garoto reparou que as armas de sua armadura machucavam as pessoas à sua volta.
E, lá no fundo, bateu seu coração a primeira batida. Uma batida verdadeira, e não aquela que ele havia programado para bater quando estava com a pessoa-troféu. A batida verdadeira ainda era pela pessoa-troféu, que não era mais troféu e era, para ele, totalmente pessoa. E estátua-de-aço, parada em seu pedestal de admiração, começou a despir sua armadura.