quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Uma Namorada

quando eu era criança
mas criança já não tão pequena
coube ao acaso me dar
- por entre suspiros e olhares,
bilhetes e flores -
uma namorada
era bela como o podia ser
uma garota nos seus doze anos
com sua bela caligrafia
no seu belo caderno rosa
usava seu belo uniforme de escola
e sua beleza, infinda
- infinda como podia ser
uma beleza nos seus doze anos -
eis que, naquele dia
já não estava a me olhar
tão belamente
- o quão belo pode ser
um olhar nos seus doze anos -
e se perde uma namorada
e um beijo no hoje-em-dia talvez
valha tão pouco, não chega a um vintém
mas o beijo que ela não me deu
mas deu nele
foi o fim da minha fortuna
o fim mais trágico
- o quão trágico pode ser
um fim nos seus doze anos.

Lonjura

longe
quão longe se estende o longe
há de se ter paciência de monge
longa paciência monástica
e lá no monge, lá no topo
da mais alta cordilheira
longamente eu espero
pelo meu amor

Ou eu ou outra

eu era bela e tão paciente
e cuidava das suas coisas
e era alegre sorridente
e era feliz ao seu lado
e nosso amor, de vento em popa
e nossa vida, uma alegria
e eu era o bem dele e ele, o meu bem
mas era assim com ela também.