sábado, 12 de fevereiro de 2011

Ridiculamente Estranho

Ei, chuva de verão,
Não vá-te embora.
Tua simplicidade me fascina,
nossa semelhança me assusta.
Não vá-te embora,
chuva de verão.
És refresco pra minha alma,
tímida e pesada (plúmbea, até).
Te conheço há (pouco) tempos,
chuva de verão,
mas não vá-te embora.

Adaptação

[...]
Eu já sei, pai, tudo que está me dizendo.
O problema é você, agora, pai.
Cale-se, pai, a fim de me escutar.
E entenda "que o novo sempre vem".
E o novo ultrapassa o velho.
Cale-se agora, pai, e me veja trabalhar.
Deixa ser quem sou, quando sou e porque sou.

Ironia

Como que por ironia,
ou por erro de indução,
meu maior desejo é o carinho,
mas, ao corpo, negação.

Da Dissertação ou Do Manifesto

No pensar e no escrever cabem as infinitas nuances do pensamento humano. Cabe, no estilo literário da dissertação, um caminho (dito) racional para indicar a (dita) melhor solução para o conflito do texto. O dissertante incumbe-se, ou pelo menos, finge, trabalhar racionalmente o assunto.
Mas isso não acontece. Simplesmente não. O dissertante, maquiavélico sofista, na verdade deseja persuadir, manipular, convencer e, muitas vezes, até enganar seu leitor. A dissertação é vista como o mais referencial dos textos argumentativos, perdendo em objetividade apenas para a notícia de jornal, mas é justamente este o perigo. A dissertação nada mais é que um manifesto mascarado. Nas entrelinhas das dissertações, escondido entre os pingos dos is e os traços dos tês, ouve-se os fantasmas de Marx e Engels sussurrando: "Proletários do mundo todo, uni-vos!".