sábado, 29 de janeiro de 2011

Liberta-te, mente!

Liberta-te, mente, da prisão em que habita
Liberta-te do ódio que têm os outros por essa cela
Liberta-te, anda, que te esperam os louros da glória
Liberta-te, por favor, antes que enlouqueça nesta solitária

Mas espera, mente, como vais escapar de sua pena
Existe tua presença no metafísico sobrenatural?
Ou está fadada à permanência incondicional em sua cela?
Se te libertares, serás sangue e miolos e pólvora, respingados na parede.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Polícia do Carma

Marco Antonio foi a vida inteira um membro daquele governo. Não perdoava um adolescente subversivo ou professorzinho de história revoltado. Era do Ministério da Inteligência e cuidava das investigações, às vezes participando ativamente dos "inquéritos" ("Você quer que eu arranque mais uma unha sua, ou você vai falar?").
Quando a moda revolucionária veio à tona, então... Aí ele começou a sair pessoalmente nas ruas para decretar o que estava e o que não estava em conformidade com as normas daquele governo. E aprovava a elite reacionária que se divertia e regozijava em destruir as festas da oposição com incrível violência física. Quantas jovens foram estupradas por aqueles vândalos "autorizados"? Marco Antonio nem sabia e nem queria saber. Quem mandou ser subversiva...
E dizia em altos brados, quando noticiado pela imprensa: "Isso é o que vocês ganham por mexer com a gente! Isso é o que vocês ganham!".
Até o dia em que foi encontrado com um dos livros ditos "proibidos". "Eu estava só estudando nosso oponente!", ele dizia, mas seu antigo colega, Zé Carlos nem prestava atenção. "Eu dei tudo o que tinha por aquele governo. Tudo que eu tinha! Eu ainda estou na folha de pagamento! Só por um momento lendo eu me perdi, só por um momento!".
Zé Carlos assumiu o cargo de Fiscal da Inteligência. Parecia que o antigo funcionário, um tal de Marco Antonio, fugira para aquele outro país, de ideologia inimiga. E Zé Carlos dizia em altos brados, quando noticiado pela imprensa: "Isso é o que vocês ganham por mexer com a gente! Isso é o que vocês ganham!".

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Boka, 1946

Engraçado, agora
quase 50 anos depois
ainda me lembro dele
tão pequeno, loirinho, sempre prestativo
como estaria agora?

acho que é este clima pós-guerra...
como aquele nosso pós-guerra na virada do século
aquela batalha genial, pelo grund
vencida com a conveniente ajuda do nosso soldado raso
tão logo promovido a capitão
tão logo embrulhado na mortalha da pneumonia

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Society in Which No Tear is Shed is Inconceivably Mediocre

E se escrevo a carta, não é para redimí-los. É para dar-lhes a devida culpa. Sim. É culpa de vocês sim. Quem cria o inferno é eternamente responsável pelas almas penadas.
É culpa, também, por outro lado, de todos. Todos os que se recusaram a ouvir. "O que você diz não é certo, porque não é confortável." O mundo não foi feito pra ser confortável. O mundo não foi feito PRA nada. O mundo nem feito foi.
Quero botar a culpa em todos, pela primeira vez. Tirá-la toda de mim. Se vivi para os outros, é dos outros minha responsabilidade de tudo. Não a quero.
E o pior: sempre quero ajudar. Não quero os louros. Não quero as glórias. Não quero ter orgulho de ser o que sou nem de fazer o que faço. Quero somente que os outros parem de sofrer. Porque eu não consigo.
Só consigo a suprema consciência de minha dor.
Suprema consciência de minha dor.
Não quero mais sofrer.
Dizem que monóxido de carbono é a melhor opção.
Sem nenhum amor,
Gabriel.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ideia 3 - Movimento Antinaturalista

"O inferno são os outros." BULLSHIT.
O inferno somos nós. O ser humano cria as neuroses das quais sofre. Com uma cultura de negação de sua natureza - uma cultura antinaturalista - o ser humano reprime parte de si e cria tal conflito que o atormenta.
A raiz de todo o mal. O desejo pelo poder de comandar através de tradições mitológicas envolve, no mundo ocidental (em função da propagação dos mitos abraâmicos do Oriente Médio, em detrimento da humanista e saudável mitologia grecorromana), criou um movimento antinaturalista que perturba o próprio humano com sua falta de segurança e posse de suas faculdades mentais e emocionais. Não há um fulfilling das partes consideradas negativas, mas elas ainda são necessárias para a faceta instintivo-emocional do ser humano.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ideia 2 - Fulfilling

O fulfilling dos valores aceitos na sociedade causa sentimento de plenitude, que, consciente ou inconscientemente, indicam ao indivíduo que ele está com suas necessidades preenchidas. (pensamento redundante)

O fulfilling, entretanto, não ocorre sempre com todos os aspectos do ser humano, mas nestes em que ele ocorre há uma situação de orgulho e de identificação com aquela característica, inclusive com uma possível repulsa CONSCIENTE às características não preenchidas.

Com um fulfilling de lógica e razão, há um pensamento de superioridade intelectual que pode causar repulsa aos outros tipos de pensamento e ação que venham a causar sentimento de diminuição do valor preenchido.

Ideia 1 - Dos Valores e da Moral

O homem não se constitui como folha em branco, nem como conhecedor inato de seus princípios morais. Ele os recebe da sociedade à qual pertence, mas não exatamente dos preceitos vigentes na sociedade. Ele recebe, assimila e processa os preceitos da sociedade de acordo com seu desenvolvimento social/familiar/emocional/racional, adquirido através da vida. Não há, portanto, unidade humana dentro do ser e somente uma rigorosa cadeia de causas e consequências. Não há valores morais absolutos e, portanto, temos de ser rigorosos com nossas próprias regras e modo de vida, para que nossos valores morais não sejam nocivos ao resto das pessoas. Para tal, não podemos nos ater a valores que SUPOMOS ou ACREDITAMOS corretos. Temos que trabalhar racionalmente os nossos valores, levando sempre em conta os desejos, sentimentos e estado de espírito das pessoas envolvidas nas nossas ações.