domingo, 11 de setembro de 2011

Ódio-próprio

E me deu uma sensação de Bernard Marx agora. Um não-pertenço que dói na alma. Mas e àquele grupo? Não pertenço. E àquele outro? Também não pertenço.
E ao mesmo tempo aquele meu narcisismo nojento de quem acha que pode mais que os outros.
[...]"Depressa! - gritou mais alto, e sua voz tinha um timbre desagradavelmente áspero." Desagradavelmente áspero, como minhas brigas.
E me vem à cabeça um neologismo. Pois não temos amor-próprio? Faço então o ódio-próprio, sentimento capaz de descrever o que sinto. O que sinto por não ser o amável Helmholtz Watson. E a impotência em vencer minha natureza que tanta ojeriza dispara contra a imagem. Bem podiam estar certas as religiões, com sua separação de corpo e alma.
Mas eu já disse isso antes. Não há novidade no ódio-próprio, a não ser o nome. Eu só queria poder não tê-lo. E ser um Beta-menos feliz, talvez um pouco incomodado pela inteligência, mas incluído fisicamente em minha casta.
Não suporto a exclusão física. Ódio-próprio, porque ela é tão parte de mim quanto qualquer outra característica. E não posso escapar dela.
A não ser que... Não. O resto é, in verbis, "ilusão".

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