Mas o nunca mais (em especial o "se beijaria") veio mais cedo. Muito mais cedo. Tão cedo que eu não ganhei o meu tão-sonhado último beijo. O último beijo foi o último sem saber de sua sina, sem saber que daria um adeus tão doloroso, algo que perpassaria meses latejando nas minhas têmporas. E doeu muito essa falta de cerimônia. Inevitável retomar os olhos azuis, já fechados, no caixão. Meus dois amores, que se foram assim, ó: pfu!, como uma brisa carrega as folhas secas.
E, vou ser franco, ainda doem. Ambos os adeuses. Doem tanto que, cinco meses e dez anos (respectivamente) depois, eu ainda choro. Estou chorando agora, para constar nos autos. É lógico. Duas coisas que eu tive que engolir, duas incertezas que balançaram os alicerces mais profundos da minha frágil estrutura interna.
Nada volta. Aprendi hoje. A vida não é um jogo de xadrez, "ah, o cavalo andou errado, volta!". E, principalmente, além das pessoas, das situações, dos lugares e do dinheiro; principalmente o tempo não volta. E não fica. E não pára. E eu, olhando agora para frente, me deparo com a ideia do fim. De novo.
A amizade não vai acabar? Vai haver visitas? Mesmo de tão longe, Minas ou Pernambuco? Ou será que eu vou ficar encostado lá no fundo, lá naquela sua estante velha? E você vai falar pros outros: "É, um cara no Ensino Médio, acho que era Rafael, Daniel, nem me lembro... Faz tanto tempo..."?
Definitivamente eu não sei lidar com o fim. Estou chorando mais agora. Soluçando até. Vou parar por aqui. Estou tremendo demais. Vocês entenderam.
Apenas mais dois sob a luz das estrelas, dentro de um carro, quando o amor não justifica mais a lascívia...
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