Ela estava no palco, a cinta-liga dourada refletindo o brilho dos lustres de cristal. Parecia intocável, inabalável; impossível de existir, até. Impossível de existir por natureza própria: ela existia para os outros, para o prazer dos outros. Sua impossibilidade de existiria ao encontro da minha impossibilidade de tê-la. Eu não podia nem me embebedar naquele lugar. A bebida era cara e meu aluguel já estava atrasado. Atrasado.
Eu estava atrasado na vida dela.. Se eu a tivesse conhecido antes desse mundo, quem sabe o que poderia ter acontecido. Talvez eu passado batido por ela. Talvez eu tenha me apaixonado pela impossibilidade, afinal, se o seu objetivo é impossível, você não precisa tentar, não vai tentar, não consegue tentar.
Saí do "clube" com a chuva negra de Paris sobre meus ombros cansados. Olhei as ricas carruagens que passavam. Olhei minha vida que passava. Voltaria outras noites, outras infinitas noites de admiração e tristeza.
que tristeza amargurada e bonita!
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