A crítica que me tomou de sopetão foi especificamente a crítica ao Governo Obama nos EUA, dos anos 2009 a 2012. O Governo Obama foi um governo estadunidense invasivo e com políticas internacionais intervencionistas? Foi, sem dúvidas. Cometeu crimes internacionais e contra a humanidade? Cometeu. Defende os interesses da burguesia capitalista e dos banqueiros bilionários que quebram bancos de outros países? Defende. Até aí, concordo, é um governo bizarro, antidemocrático, antirrepublicano e terrorista.
O problema na crítica foi exatamente no ponto em que se discutiu a sucessão presidencial que será votada nesse ano, para assunção em 2013. O Democrata Obama concorre contra o Republicano Romney. Dentro desse sistema bipartidário, vejamos os candidatos: Obama defende a continuação do seu programa de assistência médica universal (o primeiro da história dos EUA), o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a diminuição das tropas no Afeganistão, o aumento de políticas de assistência social e os direitos das mulheres de autodeterminarem o futuro de seus corpos; Romney defende que "corporations are people", que abortos em caso de estupro não são totalmente legítimos, que os grandes bancos devem poder continuar suas políticas de exploração da população e que "x americanx de verdade sobe na vida sem a ajuda do governo" (a nojenta e já bem conhecida doutrina do selfmade man). Dentre os dois, um advogado havaiano negro e um mórmon dono de empresas multibilionário, minha escolha é óbvia. A do partido ao qual me referia, não.
Esse é o ponto. O partido não aceita a ideia de que haja apoio ao Presidente Obama em sua reeleição. Seus argumentos sustentam-se numa crítica a um propagador do capitalismo, crítica que é absolutamente válida, sim!, mas é irreal tomada a situação política estadunidense atual. Umx candidatx operárix, de esquerda, pró-povo seria rechaçadx pela grande maioria votante nos EUA, isso se não fosse assassinadx. E nesse caso, sou a favor da política do "Menos Pior". Sou sim, e explicarei o porquê.
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Situação política atual dos Estados Unidos |
Sou um legalista. Um estadista. Um republicano. Um democrata. Um socialista (na minha acepção do termo). Portanto, gosto muito de eleições. Gosto mesmo. Acho que o método democrático da eleição para escolher representantes é muito adequado para uma república ocidental do século XXI. E nas eleições, os candidatos não estão em pé de igualdade: os menores partidos vão sim ser suplantados e sobrepostos por seus adversários mais poderosos. O que não é nada de espantoso. Eu prefiro muito mais esse método, seguro, confiável, democrático e estável, do que outros que possam trazer instabilidade à República, na forma de revoluções sangrentas e despropositadas (vejam que também sou um pacifista). O precedente soviético de revolução ainda me assusta, sim, admito.
"Ah, mas então você não é socialista, não quer que o socialismo vença o capitalismo?" Quero sim. Não é essa a questão. A questão é que eu não acho que boicote às eleições, apoio a candidatxs que não podem fazer nada, ativismo político de final-de-semana e imposição de certas leituras sobre o mundo a outras pessoas sejam os melhores métodos para atingir o socialismo. Acho que o melhor método para atingir o socialismo é votarmos numx socialista. Ou se não pudermos, numx social-democrata. Ou se não pudermos, numx capitalista mais preocupadx com questões sociais.
Uma coisa eu vejo, camaradas. É que um fantasma assombra a Europa. E as Américas, e a Ásia, e a África, e a Oceania e todo o mundo: o fantasma (não do comunismo, mas) do povo. O povo pode sim ser uma massa agente da história. Basta que votem. E votem sim no menos pior, se ele tiver chances de vitória. Seria bastante idealista e bacana votar no Mané Marx, com sua dialética materialista prometendo acabar com a desigualdade social, mas o Mané não tem chances de vencer. Então, que pena, Mané, você não tem meu voto. Eu vou votar no menos pior que puder vencer, sim!
Porque, um dia, eu espero, o menos pior será de fato o melhor candidato.
"Ah, mas então você não é socialista, não quer que o socialismo vença o capitalismo?" Quero sim. Não é essa a questão. A questão é que eu não acho que boicote às eleições, apoio a candidatxs que não podem fazer nada, ativismo político de final-de-semana e imposição de certas leituras sobre o mundo a outras pessoas sejam os melhores métodos para atingir o socialismo. Acho que o melhor método para atingir o socialismo é votarmos numx socialista. Ou se não pudermos, numx social-democrata. Ou se não pudermos, numx capitalista mais preocupadx com questões sociais.
Uma coisa eu vejo, camaradas. É que um fantasma assombra a Europa. E as Américas, e a Ásia, e a África, e a Oceania e todo o mundo: o fantasma (não do comunismo, mas) do povo. O povo pode sim ser uma massa agente da história. Basta que votem. E votem sim no menos pior, se ele tiver chances de vitória. Seria bastante idealista e bacana votar no Mané Marx, com sua dialética materialista prometendo acabar com a desigualdade social, mas o Mané não tem chances de vencer. Então, que pena, Mané, você não tem meu voto. Eu vou votar no menos pior que puder vencer, sim!
Porque, um dia, eu espero, o menos pior será de fato o melhor candidato.